sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Escolas clássicas de armas do Japão




O Arquipélago japonês possui uma longa história com a marcialidade, por conta, principalmente, de sua relação histórica e sócio-econômica com a China. Vários elementos culturais chineses eram importados ao Japão e, então, compatilibizado e reestruturado à sua sociedade e política. O xamanismo tradicional do Japão e o budismo trazido da China foram suas principais bases filosóficas aos seus sistemas de luta.
Desde o século XII, com uma elevada relação diplomática com a China, seu mundo social e econômico foram reflexos reelaborados de suas necessidades. Nos séculos seguintes, o Japão foi um mundo em constante guerra, batalhas entre chefes militares locais chamados Daimios. Uma nação tão mergulhada em pequenos conflitos regionais se moldaria uma nação de guerreiros especializados. Essa especialização também foi aprendida dos moldes chineses, mas nas terras nipônicas ganhou uma singularidade sem igual.
O complexo conhecimento sobre sistemas de luta no Japão ganhou o nome de Bujutsu, ou “virtudes marciais”. Sua figura central é o Bushi, literalmente “guerreiro”, e este assimilava conhecimentos sobre armas de diversas naturezas e combates desarmados. Quando o Bushi se especializada e concentrava seus serviços a um senhor local, isso a partir do século XII, ganhava o nome de Samurai, do antigo japonês saburai, “aquele que serve”.
Com sua origem ligada à guerra e combate entre indivíduos, o Bujutsu tem em sua base de idealização a morte de seu adversário. O treinamento e as suas técnicas eram rigorosos e direcionados a essa meta. Mas através dos conceitos do Budismo esotérico, concepção de elementos chineses como o Yin e o Yang e os cinco elementos tradicionais, a conduta do Samurai não limitava seus estudos apenas à marcialidade. Era preciso também, além das habilidades com o Arco, a espada, a lança e outras armas, o conhecimento sobre música e a cerimônia do chá, adaptações ocorridas após o extenso período de guerras na unificação do Japão pelo shogunato de Tokugawa.
O Budismo Zen, compatibilização japonesa do budismo Chan, do mestre Bodhidarma, influenciou, a todo momento, as mudanças ocorridas no pensamento social desde o homem do campo até a elite samuraica. A “espada e o Zen” caminharam juntos, formando um novo tipo de pensamento que encontrou seu ápice no século XVII, no período denominado Edo, por conta da nova localização da capital do poder central, entre 1603 a 1867. O Bujutsu perderá a expressão “habilidade, arte” de seu nome e tornar-se-á Budô, o “caminho da marcialidade”. A idéia de Dô será oriunda do conhecido Tao dos chineses, energia universal formadura das coisas.
Dessa maneira, as artes marciais, inicialmente as japonesas, passarão por uma importante transformação. Após um turbulento período de guerras e conflitos, o clã Tokugawa assume a liderança do país, reduzindo o poder dos Daimios e trazendo um período de paz que possibilitou a dedicação às artes refinadas, principalmente para a classe guerreira. O conhecimento de arranjos florais, da cerimônia do chá e da caligrafia se fizeram importantes da formação do homem japonês. Da mesma maneiras, sutilezas espirituais ganharam espaço no mundo simbólico das artes marciais. O Budô, escrito com os mesmos caracteres chineses de “parar duas lanças”, incorporaria concepções pacifistas. Na passagens dos séculos XVII para o XVII, era cada vez mais comum o uso de espadas de madeiras, feitas com pesados carvalhos, para serem utilizadas nos treinos, evitando acidentes entre os praticantes. Entre o século XVIII e XIX, a Boken, essa espada de madeira bruta, seria ainda substituída pela Shinai, uma arrumação de bambu específica para combates menos danosos. A arte do espadachim deixará, então, de ser um meio de sobrevivência para se tornar um caminho de iluminação espiritual. A desmilitarização do período Edo dará forças a essas mudanças, nascendo dois outros processos nos sistemas de luta: a especialização e a competição. É de grande dificuldade dizer onde as mudanças nos sistemas de luta são reflexões das mudanças sociais no momento histórico.
A restauração Meiji acarreta em novas mudanças nos sistemas de luta, armados e desarmados, do Japão, em 1867. Líderes militares do Japão perceberão atrasos militares e tecnológico de suas forças, deixando o Japão abaixo do nível de poder das outras nações. Entre as reformas do imperador Meiji, as que mais se destacam enquanto significativas para a vida do guerreiro são o desarmamento dos Samurais, que causou revoltas e insurreições, e a criação de uma força policial nacional que ocupou o antigo papel da casta guerreira.
Até o século XIX o Japão conhecia sistemas de lutas de agarramento, lançamentos e chaves chamados Ju-Jutsu, que posteriormente chamar-se-ão Jiu-Jitsu. Um estudioso da marcialidade, Kano Jigori, assimilou valores culturais, compatibilizou com a educação vigente do período e em 1882 criou o Judô. Suas raízes estão no Ju-Jutsu, mas seu sentido muda de um sistema de uso para o combate bélico para o combate espiritual, acrescentando o “caminho” a sua nomenclatura. Seu currículo de técnicas e métodos foi denominado Kodokan Judô. Da mesma forma ocorreu com o sistema de luta japonês que utiliza técnicas de chave através de movimentos circulares estudados minuciosamente, o Aiki-ju-jutsu. Com o passar do tempo, e as nuances sociais envolvidas na desmilitarização de uma classe guerreira, assimilou o conceito de “caminho” e tornou-se o que conhecemos por Aikidô. Foi na busca de benefícios sociais que Ueshiba Morihei formulou o Aikidô como uma arte marcial suave, porém poderosa de contra-ataques.
Enfim, muitas artes marciais acabaram ganhando suas versões espiritualizadas, concentradas em conceitos filosóficos necessários para a construção de um homem marcial equilibrado. Essa tendência ocorreu de forma inversa na China, mas no fim das contas essas estruturas marciais encontraram semelhanças. E foram esses os novos caminhos das artes marciais até os dias de hoje.

Sávio Roz

Artes suaves da China



As tradições Shaolin, sistema duro ou chamado externo, galgado na filosofia budista foi criado como uma saída rápida aos conflitos bélicos com os mongóis que os chineses enfrentavam. Alguns estudiosos da marcialidade demonstram em tradições orais a antiguidade do sistema interno, ou suave, de luta, muito mais antigo que o sistema de luta interno.
As semelhanças entre os sistemas comprovam as relações profundas que possuem, sejam como nascido um do outro ou mesmo como inter-relação de troca de conhecimentos. Isso apresenta-se no uso das formas e posturas de animais e no uso de simbolismos e outros elementos. As artes suaves da China, o sistema interno, têm uma relação ainda mais profunda com o mundo natural. A noção dos cinco elementos naturais, conceito taoista. As raízes desse pensamentos, da filosofia chinesa, estão no naturalismo xamânico, da pré-história da humanidade. Esse vínculo místico entre homem e natureza é reflexo da vida dessas comunidades de caçadores e coletores da China neolítica. A dependência natural exigia uma intimidade profunda com o mundo em sua volta.
Assim, entendemos o taoísmo como o homem no seu contexto com o mundo natural, como faremos com o confucionismo gerando um homem em plena relação com a ordem social. Embora o Tao Te Ching surja como livro fundamental na visão de mundo taoista, as idéias são muito mais antigas, provavelmente uma tradição oral comum a civilização chinesa em desenvolvimento. Na idéia de formação do universo dos gregos, a ordem é gerada de um mar infinito de caos, mas, no caso chinês, esse universo é regido por uma força intrínseca, além da existência e além da não-existência, chamada Tao. A força Tao, grosseiramente traduzida como caminho ou via, se manifestará nas coisas do mundo através da energia vivaz do Chi. O Chi irá então dividir o universo em dois caminhos, duas oposições, mas que não se negam, se completam, formando a o plural e complexo universo. Assim teremos luz e trevas, calor e frio, rigidez e maleabilidade, forças unidas para gerir a existência das coisas. Assim, nasce a idéia de Yin e Yang.
Os cinco elementos, através das forças Ying e Yang, irão se combinar diversas vezes e de diversas maneiras, de maneira dinâmica, para obter-se o mundo natural. Terra, água, fogo, metal e madeiras irão nascer uns dos outros, e, ao mesmo tempo, serem destruídos pelo anterior. Não é de se surpreender a idéia de que o taoista chinês muitas vezes vivesse como um eremita. O contato da natureza era necessário para a compreensão desses conceitos complexos. Era necessário um rigoroso estudo empírico do mundo natural.
Basicamente, teremos três artes suaves: Hsing-I, Pa-kuá e T´ai Chi Chuan. Seus nomes, ou melhor, as traduções dos ideogramas que compõem seus nomes, irão explanar seus modos de pensar. O Hsing-I trabalha com o uso da tradução racional das formas, por isso seus ideogramas juntam a concepção de “forma” com a transcrição do que se pensaria enquanto “intenção – idéia – mente”. Não muito complicado de se entender, essa arte utiliza-se de movimentos “pensados” e, assim como nas artes baseadas em movimentos de animais, entender esses movimentos para melhor aplica-los, melhor assimilar vantagens deles. O Pa-Kuá é a arte marcial do sistema de adivinhação tradicional chinês, o I-Ching. Essa compilação de conhecimentos esotéricos é utilizada como estudo energético do Chi, seja para fins de saúde, busca de riqueza, melhoria de vida, bons fluidos, etc. O Pa-Kuá irá trabalhar também a idéia de manipulação da energia Chi com os oito diagramas do I-Ching, por isso seu nome.
Por fim, teremos o T´ai Chi Chuan, considerado o sistema de luta mais praticado do mundo, utilizando-se de movimentos suaves, recorrentes da concepção de controle e manipulação da energia Chi do indivíduo. A arte marcial do ceder, será assimilada pelos Okinawanos enquanto conceito para a formulação do que chamaremos de Karate. Os conhecimentos dos Pontos vitais, para os sitemas suaves de luta da china, serão explicados, da mesma forma, com a idéia de manipulação da energia vital, o Chi.

Sávio Roz

As tradições Shaolin



A china, em relação com o restante do mundo asiático, sempre teve posição de destaque, 1.500 anos, no comércio das especiarías e na pluralidade dos sistemas marciais. Boa parte do trajeto da rota da seda se dá dentro dos limites de seu território, unindo reinos e populações diferentes. Os sistemas filosóficos e religiosos, que suas artes marciais internas dependem, floresceram com vigor. Dessa forma, muitas artes chinesas brotaram e foram adaptadas em outros países, como o Japão. Os sistemas marciais, assim como os sistemas filosóficos e religiosos sempre andaram de mãos dadas, o que fez com que disseminassem com facilidade pela Ásia.
Encontraremos, nas obras sobre o tema, o termo Wu-shu, traduzido como “artes militares”, e Kuo Shu como “artes nacionais” para os sistemas marciais chineses. Esse sistema estará subdividido entre duas escolas, inicialmente: escola dura e escola mole. Essa conveniente classificação enganar se for entendida como diferentes, divididas por uma rígida barreira entre elas. Assim como acontece na filosofia taoista chinesa, as coisas se intercalam sem existir negações absolutas. Na escola dura encontraremos a idéia da força sendo contraatacada pela força. Na escola mole a força é usada contra o atacante. Essas duas escolas, por suas próprias naturezas, recebem, também, os nomes de Escola externa e escola Interna. Alguns estudiosos da marcialidade definem como diferença fundamental dessas duas escolas a respiração. Na escola externa, ou seja, nas artes duras, a respiração é superficial, no torax, exatamente no plexo solar. Na escola interna, chamadas artes suaves, a respiração profunda-se no baixo abdomên.
O mito de Boddhidarma explica a criação e desenvolvimento do básico sistema de luta nascido no templo Shaolin, localizado na cadeia de montanhas de Songshan, na província de Honan. Historicamente, sabe-se que esse templo auxiliou militarmente o Imperador T´ai Tsung, da dinastia T´ang (618 – 907). O templo foi construído em 495 d.C. pela administração do imperador Hsiao We, para instalação do monge indiano Batuo, chamado em chinês de Fu Tuo. Bodhidarma viria a visitar o templo no século VI, ensinando uma nova maneira de se praticar os ensinamentos de Buda, o que culminou na fundação da escola Ch´an, que os japoneses posteriormente chamarão de Budismo Zen. Depois do auxílio ao imperador T´ai Tsung, os monges guerreiros de Shaolin voltariam em 1674, na dinastia Ching, auxiliar o imperador K´ang Hsi. Nas duas participações dos lendários guerreiros-monges, títulos de nobreza foram negados, no primeiro caso, o imperador grato consentiu a continuidade do templo, no segundo, o Imperador K´ang Hsi temeu a força militar existente no templo voltar-se contra o império e atacou Shaolin sitiando o templo e incendiando-o. O templo viria novos incendios em seguida, em sua longa história.
Sabe-se que muitos monges sobreviveram a destruição do templo de Shaolin, indo a outros templos ensinar as artes de luta. Conta a lenda que sobreviventes dos eventos em Shaolin, desgostosos com os governos seguintes, fundaram as famosas sociedades secretas chinesas. Outra saída para os habilidosos monges-guerreiros foi a Ópera de Pequim, associando dança e acrobacias. Artes marciais e artes circenses sempre tiveram em comum a disciplina e o autocontrole.
A China é uma imensa nação, um verdadeiro universo de etnias e grupos populacionais. Robert Smith, em seu livro Asian Fighting Arts, enumera mais de 400 estilos distintos. Esses estilos, cada um a sua maneira, entrelaçaram-se com os sistemas filosóficos, como taoísmo e confucionismo, e religiosos, como as várias escolaridades budistas. Os sistemas de luta são, para as concepções filosóficas, técnicas auxiliares ao progresso espiritual.
As artes marciais foram fundamentais na formação das sociedades secretas chinesas. Problemas políticos e perseguições insentivaram a formação dessas organizações, que foram mais que movimentos sociais chineses, mas, também, núcleos de intensões revolucionárias contra autoridades abusivas. São citadas, nas eventualidades dessas sociedades secretas enquanto força política, os Boxers e a Tríade. Uma rebelião Pa-kuá, entre 1786 e 1788, expulsou os estrangeiros do território chinês, ficou conhecida como a Revolta dos Boxers. A Tríade, cerimonialmente semelhante a maçonaria, começou como uma organização revolucionária para depor o imperador. Tristemente, tornou-se, nas relações modernas, representantes do crime organizado da China. O desconforto social entre XVIII e XIX causou mudanças fundamentais nas estruturas políticas e sociais. A restauração Ming nunca ocorreu, como era desejo dos revolucionários, mas houve, então, a revolução comunista, estabelecendo-se a República Popular da China. Assim com a muitos séculos antes, as forças marciais viram-se ameaçadoras demais para os poderosos governantes e, na revolução Cultural de 1960 a atividade marcial foi perseguida e desencorajada. Escolas marciais foram desaprovadas pelo Estado, com temor de formarem grupos paramilitares fortes. Mas a sobrevivência se deu através do mercado e do cinema, em Hong Kong e Taiwan.
O Kung Fu, termo que mais se popularizou no ocidente, tornar-se-ia o conjunto de estilos oriundos de um sistema de luta original. Assim, são chamados Kung Fu todos os estilos de boxe chinês, atualmente. Kung Fu significa “aquilo que é feito com tempo e dedicação”, e se aplicaria a quaisquer artes, seja dança, marabalismo, culinária ou música. Mas fortificou-se como a dedicação aos sistemas de luta. Boa parte da culpa é do cinema, que tratou o termo de tal forma. Mas não foi somente na modernidade que o papel de diversão das artes marciais se aplicou, já que em festividades tradicionais chinesas as demonstrações de lutas, de sequências ensaiadas de movimentos e até a famosa expressividade da Dança do Leão, fazem-se presentes. Virtuosismo acrobático e coreografias fazem parte desse universo que em momento algum conflita com o dilema moral das artes marciais.

Sávio Roz

Kalaripayit




Compreendendo a dimensão estrutural das artes marciais e suas relações com a história humana, nos reportamos à Índia, onde, segundo alguns estudiosos, existe o mais antigo sistema de luta da história. É preciso lembrar que, as técnicas nascidas das chamadas “lutas de agarrar”, onde não se define um sistema complexo, mas umas séries de elementos significativas no combate desarmadas entre indivíduos, são ainda mais antigas, perdendo-se na pré-história humana. O Kalaripayit destaca-se pela conjunção de fatores que o classificam como sistema de luta, e não conjunto de técnicas de combate homem a homem.
Textos indianos antigos já relatavam esse primitivo sistema no exército indiano, seja na infantaria, na cavalaria, em carruagens e no domínio e controle de elefantes. A própria divisão social da Índia, milenar, demonstra a especialização de uma de suas castas para a vida bélica. A casta Kshântriyas, desde a pré-história, relaciona a vida social e religiosa às práticas marciais. A vida artística, também milenar, da Índia, apresenta a relação desse povo, principalmente dessa casta, com a guerra e o sistema de luta. O teatro dançado, chamado Kathânkali, apresenta movimentos elaborados respectivos de um estudo minucioso de técnicas de lutas, também refletidas nas ornamentações de templos onde aparecem figuras humanas em combate.
Como se perceberá ao longo dos estudos sobre artes marciais, os mestre dos sistemas de luta são, em geral, também grandes conhecedores da medicina. Por trabalharem diariamente em seus treinos com lesões, torções e danos ao corpo, acabam relacionando-se com um conhecimento de cuidados e tratamentos específicos e avançados. Assim, na percepção das origens da Medicina Indiana tradicional, chamada Ayuveda, encontraremos as relações dos sistemas de luta presentes. Do mesmo modo, o conhecimento em cima das técnicas de massagens, são necessários e aplicados em academias marciais. Hematomas, estiramentos musculares, danos em centros nervosos e ossos fraturados são rotinas em academias diversas de todos os sistemas de lutas da humanidade. O mestre torna-se um especialista em medicina, os Shastras, textos indianos antigos, apresentam tal conhecimento do corpo humano, seus pontos vitais. Locais onde se poderão aplicar golpes específicos para a eficácia de danos melhores, como a têmpora, o osso esterno, a veia jugular, testículos, entre outros. Esse estudo do corpo, na índia, não se limitou ao corpo humano, fazendo os adestradores de elefantes ainda mais eficazes no treinamento de tais animais para uso em combates.
O Kalaripayit é o nome indiano do seu mais antigo sistema de luta. Significa, grosso modo, “prática em campo de batalha”, e tem suas raízes na tumultuosa vida bélica da Índia em seus primórdios. Textos antigos, como o Mahabaratha, apresentam guerras intermináveis. O espaço ideal para criação e adaptação de um sistema de luta complexo e poderoso. Uma casta especializada é um forte elemento na construção de um sistema vigoroso de luta, e essa tendência se repetirá ao longo da história dos sistemas de luta asiáticos. O Kalaripayit também terá sua evolução galgada na pluralidade interna de seu sistema, dividindo-se em estilos. Esses estilos não se ofendem ou se negam, apenas apresentam elementos diferenciados para cada região: Norte e Sul. Da mesma forma como ocorrerá em outros sistemas de luta, talvez por uma questão de contato entre os povos asiáticos e a troca cultural, essas divisões de sistemas atenderão posturas e movimentos tratados de maneiras diferentes dentro de um mesmo sistema de luta. No Kalaripayit, o Norte apresentará saltos mais vigorosos, posturas baixas e bloqueios estendidos; o Sul será mais livre, com movimentos circulares, posturas altas e sólidas.
O sistema de luta indiano conviverá com outras artes do conhecimento humano na índia, e se manterá da mesma forma. Sua continuidade, preservação e evolução (preservação de valores e conceitos, evolução de técnicas e movimentos), assim como acontece na Yoga, nas técnicas de massagens indianas, se fundamentará na transmissão oral. O conhecimento através da oralidade tornou-se uma tradição no modo de vida asiático, presente em grande força nos sistemas de luta. A necessidade de um mestre, conhecedor dos ensinamentos, permitia o fortalecimento desse modo de preservação do conhecimento.




Sávio Roz

A Rota da Seda e o Mito de Bodhidarma




O comércio existente entre a Índia e a Mesopotâmia data de aproximadamente 2500 a. C., sendo comentado em muitos textos comerciais. Nos séculos VI a. C. a fabricação da seda estimulou um intenso comércio entre a China e a Índia e esses caminhos ligaram a Ásia à Europa. Caravanas abarrotadas de produtos circulavam incansavelmente nas estradas que ligavam os países participantes. Tiro, Antioquia e Palmira eram cidades recebedoras dos produtos no período do império Romano.
Foi somente quando monges cristãos contrabandearam os ovos do bicho-da-seda que o monopólio dos chineses sobre o tecido virtuoso acabou, isso no século VI d. C., e a seda foi fabricada no ocidente. Se o elemento material fosse fundamental na história da humanidade, a queda da rota da seda seria absoluta. Mas esse comércio entre as nações continuou, não só com outros elementos das chamadas especiarias, mas com o progresso do budismo na Ásia. Entre os monges que viajavam nas estradas da rota da seda estava Bodhidarma, monge indiano oriundo de Kanchipuram, vindo de Madras, entre caminhadas e viagens de barco, viajou pela China, chegou ao templo Shaolin onde se estabaleceu e fundou os ensinamentos que ficaram conhecidos como budismo Zen. Um relato de um viajante, Yang Hsuan-Chih, em 547 d.C., cita-o como um homem auspicioso, de barba e cabelos escuros, entre outros traços indianos. A falta de informações sobre Ta Mo, Como Bodhidarma é chamado na China, pode ser explicada pela posição inicialmente herética de suas práticas.
O mito de Bodhidarma, mesmo que não se concretize enquanto verdade explicita as eventualidades que fazem parte das origens dos grandes sistemas de luta da Ásia. Relacionam o comércio forte e ativo da rota da seda, as relações dos sistemas e a troca cultural das caravanas e dos guerreiros contratados para protege-las.

Sávio Roz

As artes de luta na Europa e no Oriente Médio na antiguidade




Diferente do que se possa imaginar, já que se vincula diretamente o termo “arte marcial” aos sistemas de luta conhecidos no oriente, o ocidente produziu manifestações marciais significativas. Esses sistemas de luta ocidentais não são tão conhecidos hoje em dia por conta da desvalorização histórica, a desvalorização filosófica e teológica que acompanharam as sociedades do chamado ocidente. O contrário aconteceu no oriente, onde a cultura, a filosofia e a religiosidade não só permitiram como estruturaram melhor e organizaram os seus sistemas de luta locais.
Para se entender melhor essa base filosófica e religiosa que se deu de maneiras diferentes nos dois lados convencionais é preciso ter em mente a divisão corpo e mente. As culturas ocidentais, em suas complexas nuances, sempre apresentaram uma separação nesses aspectos de forma antagônica. Separou-se a parte somática da parte mental e espiritual. Aristóteles, por exemplo, argumentava que o ócio permitia a expansão da mente, desvalorizando qualquer desenvolvimento do corpo. Esse pensamento se enraizou na filosofia, mesmo não sendo regra social, já que as guerras continuavam a demonstrar o contrário. Com o advento do cristianismo, esse pensamento ganhou um espaço ainda mais pragmático e o mundo ocidental demorou a entender a frase “mente sã, corpo são”. Como explica José Augusto Maciel Torras, “uma idade média teocêntrica e uma idade moderna antropocêntrica nos fez ter somente idéias de desvalorização somática”.
Mas esse problema, mesmo que tenha castrado avanços nas chamadas artes marciais ocidentais, ou mesmo limitado sua trajetória, não consistiu numa extinção das modalidades marciais tão antigas no ocidente quanto sua própria história social. Toda a documentação que relata guerras e vida belicista das sociedades da antiguidade ocidental apresenta elementos dessa história. Os poemas de Homero, as metamorfoses de Ovídio, A canção de Rolando e outros textos medievais, Epopéia de Gilgamesh, entre outros, trazem uma carga de habilidades, conhecimentos e tratamentos diferenciados aos combates armados e desarmados.
O fato de uma diferenciação dos guerreiros das antiguidades em armas e atividades, montando uma hierarquia dentro dos exércitos, com os Imortais no topo dos exércitos persas, a tropa real do Egito faraônico, os senhores da guerra mesopotâmicos, enfim, uma leva infindável de especialistas nas artes da guerra. Eis que nessa antiguidade se estruturam os sistemas de luta dos gregos. Sua mitologia, assim como ocorreu em outras civilizações, é bem verdade, narra os ensinamentos de Hermes aos homens de um sistema de luta que ficou conhecido como pancrácio. Pancrácio na etimologia da palavra significa “dominar a tudo e a todos”. Sistema de luta violento, não menosprezava nenhuma parte do corpo, aceitando golpes de mãos, pés, joelhos, cotovelos, etc. O pancrácio se embasava da filosofia grega, do culto ao corpo, entre outras modalidades esportivas. Era elemento fundamental nos jogos olímpicos e vem de sistemas de luta comuns nas cidades-estados gregas, praticados até mesmo por mulheres. Esse valor à virilidade e ao combate era apreciado em particular pelos cidadãos de Esparta, cidade belicista da antiguidade grega. Assim como em outras cidades-estado gregas, Esparta possuía ginásios repletos de homens e mulheres que treinavam, exaustivamente, separados, diariamente, preparando-se às disputas públicas. O pancrácio possui elementos que encontramos também em modalidades orientais, tais como as técnicas de alavanca, o Acroquismo, que consiste em torcer os dedos do adversário até sua submissão total. Esse sistema foi aperfeiçoado, dando origem a luta greco-romana.
O Pugilato é um outro importante e popular sistema de luta da Grécia helênica. Sua antiguidade é remota, era um sistema preparatório anterior mesmo aos adestramentos com armas e em tropas. Os heróis greco-romanos Amico e Epeo, como registram os escritos de Platão, eram respeitados e temidos pelas suas capacidades de luta. O primeiro pela grande força física e pelo desfecho de sua história de vitórias nas mãos de Polluxm, lutador de um sistema que será aperfeiçoado pelo segundo, Epeo, tornando-se o Pugilato. Mitos a parte, o Pugilato ganhou enorme popularidade, expandiu-se enquanto sistema e sobreviveu até o Império Romano, assimilado aos combates de gladiadores. Nessa evolução sistemática era praticado de duas maneiras: Combates sem proteções nas cabeças ou punhos, e combates protegidos nas cabeças com elmos de cobre e tiras de couro amarradas aos punhos.
Mesmo com toda a divisão ideológica que limitava o avanço dos sistemas de luta, principalmente a coesão religiosa, a Idade Média apresentou sistemas complexos vinculados às classes de cavaleiros, em especial aqueles especializados para as cruzadas. Para esses guerreiros estagmentados, o pugilato se aperfeiçoou, tornando-se Kick (técnica inglesa que acrescentava golpes com as pernas). Os medievos franceses não ficaram muito longes desses avanços, onde o boxe ortodoxo ganhou espaço e novo nome: Savate. Esses avanços técnicos ocorreram até mesmo na Católica Itália, com o sistema chamado Borzaghino.
Os cavaleiros medievais se destacavam além das técnicas de combate com armas e em cavalos. Os períodos preparatórios às cruzadas e os grandes hiatos de paz nas cortes permitiam a pratica e o aperfeiçoamento de sistemas de lutas que, por tanto se popularizarem, chegavam às cortes e encantavam os nobres. Ricardo coração de Leão ficou famoso também por suas perícias em combates corpo-a-corpo. Incrivelmente coincidentes esses guerreiros de doutrinas esotéricas se assemelhavam aos monges guerreiros que estavam intimamente ligados aos sistemas mais antigos da Ásia, ainda mais por suas formações morais e filosóficas que não conflitavam com os sistemas de combates.
Assim podemos perceber o quanto o ocidente, mesmo com seus percalços e limites ideológicos, conseguiu produzir uma vasta e significativa rede de sistemas de luta, mesmo menosprezada pela historiografias marciais. Os sistemas de luta são compatíveis às necessidades e peculiaridades de cada povo, adequando-se aos seus sistemas religiosos e sociais. A grande vantagem do oriente é a permissividade filosófica e religiosa, além, claro, dos seus elementos peculiares e particulares.

Sávio Roz

Artes marciais primitivas do oriente




O processo de diversificação dos sistemas de luta encontrados no oriente sofreram, ao longo de séculos de aperfeiçoamento, manutenção ou transformação, um pluralismo de ramos. Os estilos se encontram e se contrapõem com a mesma facilidade quando comparados em estudos. Por isso mesmo, definir suas origens se perde em mitos elaborados e idealizados e conhecimento histórico escasso.
Cada sistema marcial tem, em sua origem social, mitos elaborados para confirmar sua natureza simbólica e manter na oralidade a sua história fundadora. Esse tipo de situação não ocorre apenas com sistemas de luta, mas com outros sistemas sociais, como dança, folclore, artes circenses, etc. Cada sistema, atendendo a sociedade original que o criou, com seus mitos relacionados, o faz enquanto preservação de valores. Seguidos cada sistema do mundo, teríamos um problema gigantesco: a falta de espaço para estudar cada complexo sistema, sua origem histórica e sua origem mítica, por isso o trabalho se limitará a estudar o pluralismo dos sistemas marciais asiáticos, famosos por sua grande quantidade de vertentes e sua força enquanto manifestação social.
A relação existente entre a Índia e a China é a matriz da diversificação dos sistemas de luta no oriente. A rota da seda interessava as sociedades participantes enquanto expansão comercial. Desde 500 a.C. a China comercializava com a Índia e as nações próximas. Essas sociedades feudais viviam em guerras constantes, além do fato da rota da seda proporcionar um número considerável de bandoleiros e saqueadores. As caravanas encontravam-se extremamente desprotegidas, o que gerou uma busca grandiosa por comboios seguros. O oriente já possuía uma tradição bélica complexa, com guerras constantes e ritualizadas, proibidas em certas épocas por questões morais e determinadas circunstâncias.
O avanço comercial proporcionado pela rota da seda gerou avanços nas estruturas das cidades, com um número cada vez maior de pessoas. Esse aumento populacional pode ser entendido como uma reação ao sucesso comercial das sociedades envolvidas no comercio expressivo da rota da seda. Nesse momento, a formação de Estados fortes se fez imprescindível. As técnicas de produção e o arsenal para os exércitos seguiram a expansão da máquina do Estado para cada recém nascida nação.
A formação de exércitos profissionais, assim como o aumento do número de seguranças individuais que acompanhavam as caravanas abarrotadas de produtos, gerou uma série de especializações nas artes da guerra. Engenheiros, cartógrafos, especialistas em sinalização, operações anfíbias e de espionagem. Essa especialização pode ser percebida nos capítulos do livro A arte da Guerra, onde o famoso general chinês Sun Tzu, em meados de 350 a.C., elaborou as estratégias fundamentais nos combates de exércitos num período recheado de conflitos desta natureza.
Esses elementos citados podem ser mais caracteristicamente encontrados na era dos Estados Litigantes, entre 480 e 221 a.C., com as longas jornadas das caravanas comerciais que trocavam produtos entre cidades populosas e importantes, protegendo-se de bandidos e foras-da-lei empregando guarda-costas especializados em combates homem a homem com ou sem armas. Essas especializações e os contatos existentes entre esses artistas marciais alimentou a evolução e diversificação das artes marciais.
Os sistemas marciais do oriente tiveram poucos conflitos com seus sistemas de valores. Na maioria dos casos, até mesmo eram confirmados por esses mesmos sistemas. O Taoísmo e o budismo raramente se excluíram e nem excluíam sistemas de luta. Kung Fu Tse (Confúcio), em torno de 500 a.C., não teve seus ensinamentos incompatíveis com as práticas marciais, muito pelo contrário, apenas deram um conteúdo intelectual e de valores à esses sistemas. Lao Tzu (300 a.C.) seguiu a mesma premissa.
No caso indiano, a própria sociedade dividida em castas possuía uma divisão de destaque para os guerreiros e seus descendentes. Essa casta compreende a vida como um conflito perpétuo, e sua religiosidade reafirma sua posição enquanto força marcial. A própria mitologia religiosa da Índia comprova essa afirmação social da classe guerreira com seus deuses em épicos gigantescos e intermináveis. Segundo a tradição Hindu, através do legado oral, os textos indianos chamados Shastras ensinam métodos de ataque a pontos vitais no corpo humano. Esse mesmo conhecimento será encontrado em outras sociedades asiáticas. Os estilos militares da Índia e da China possuem padrões de semelhança que são compreendidos nas trocas culturais das relações comerciais da rota da seda. O mesmo caminho que ligou economicamente esses dois e muitos outros países, ligou a todos nas trocas de conhecimentos de culinária, medicina, e, claro, sistemas de luta. O uso dessa rota da Seda se intensificou no século VI a.C., e foi passagem de famosos peregrinos eruditos, como Hsuan Tsang (600 a 664 d.C.), que percorreu a China e a Índia, onde se imortalizou como o Lendário Tripitaka em uma coletânea de lendas escrita por Wu Ch´eng-en que e abordou características desse período em seus escritos.
Seria uma tentativa desastrosa considerar uma origem aos sistemas de luta a uma nação especificamente. Os sistemas nasceram e se aperfeiçoaram com o passar do tempo, com seus elementos originais e seus elementos recebidos de outras culturas marciais. Ideologicamente, o budismo, o confucionismo, o taoísmo, o Hinduísmo, entre outros sistemas religiosos e filosóficos, formam a base das tradições marciais da Índia, China e resto da Ásia. Se for de definir um local de nascimento aos sistemas de luta da Ásia, as estradas da rota da seda são o local mais exato. Seus pais, monges, peregrinos e diplomatas de muitas nações.

Sávio Roz

Introdução: Problemas e paradoxos na definição e na origem histórica




Estudar as artes marciais exige uma certa compreensão das dificuldades encontradas em sua pesquisa original. O mundo define europocentricamente os sistemas complexos de luta do oriente como "artes marciais", mas encontra-se um paradoxo em sua definição.
Para começar, o termo "artes marciais" possue sua origem na nomenclatura grega, relacionando a atividade apresentada como "artes do Deus Marte". Essa falha poderia ser perdoada se não fizesse relação direta com a guerra. Claro que todos os sistemas de luta criados pelo homem são utilizados para combates, em sua supremacia, em guerras. Mas elas não se limitam a isso.
Os sistemas de luta orientais, por questões sociais e religiosas, apresentam uma relação com guerras um pouco sinuosas. Textos como os de Lao Tzu, Tao Te Ching, demonstram um certo desgosto ao combate em guerras políticas, mas apresentam um entendimento da existência dos sistemas de luta para que o justo possa se defender.
Para encurtar esse entendimento da relação dos sistemas de luta do oriente, o mal utilizado termo "arte marcial" e sua natureza belicista, parafraseio José Augusto Maciel Torras, Presidente da federação Baiana de Kung Fu, dizendo que as artes de luta "sem o burilamento espiritual, tornar-se-á uma arma desenfreada no poder do homem". Esse tipo de preocupação se confirma no modo de pensar dos grandes sistemas do mundo.
A questão da definição histórica é ainda mais complicada, pois se perde em períodos que não existem mais documentação, e até mesmo onde a documentação seria impossível, pois muitos sistemas existiam antes mesmo da escrita ser conhecida. Além do fato de ser uma rede indecifrável de mitos e especulações ao longo da história. O pouco que se sabe com exatidão é originário de trabalhos com oralidade histórica, tradições artísticas e literárias entre os séculos IV a.C. e III d.C. produtivamente.
Esses problemas iniciais jamais conseguirão tirar o esplendor de nenhum dos sistemas de luta, nem mesmo dessa forma de arte humana. Caso alguns ainda achem tudo isso muito vago, como no livro "O Caminho do guerreiro", Howard Reid e Michael Croucher, "compare-o com os esforços que se fazem para determinar a data de certos acontecimentos essenciais para o desenvolvimento de outras artes antigas - a culinária, a fabricação de vinhos, a fabricação de queijos ou a própria agricultura, por exemplo".
Enfim, esses problemas devem ser primeiramente apresentados nessa introdução para que se tome os devidos cuidados e se pense flexivelmente nos estudos e nas produções de pesquisas na área.

Sávio Roz

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Artes Marciais

Mito e História nas raízes das artes marciais

UMA ANÁLISE CRONOLÓGICA, DE SUA ORIGEM ATÉ AS TRANSFORMAÇÕES, DAS ARTES MARCIAIS E SUAS RELAÇÕES SOCIAIS COM AS CULTURAS QUE FAZEM PARTE. ABORDAGENS SOBRE DIFICULDADES NA EXATIDÃO HISTÓRICA, MITOS E REALIDADES, OBSERVANDO OS ELEMENTOS QUE AS CARACTERIZAM E AS MUDANÇAS QUE LEVARAM ATÉ SUAS FORMAS ATUAIS.

ENTENDER O DESTAQUE DAS ARTES MARCIAIS ORIENTAIS E OS FATORES SOCIAIS, RELIGIOSOS E IDEOLÓGICOS QUE PERMITIRAM SEU AFLORAMENTO E SUA MANUTENÇÃO. COMPREENDER A ARTE MARCIAL NO OCIDENTE, SUA DESVALORIZAÇÃO IDEOLÓGICA E HISTÓRICA. POR FIM, ANALISAR A RELAÇÃO QUE A MODERNIDADE TEM COM ESSAS MESMAS ARTES DE LUTA..

CONTEÚDOS:
Introdução: Problemas e paradoxos na definição e na origem histórica
As artes marciais primitivas do oriente
As artes marciais na europa e no oriente médio na antiguidade
A rota da seda e o mito de Bodhidarma
O Kalaripayit
Tradições Shaolin
Artes suaves da China
Escolas clássicas de armas do Japão

Bons estudos!