quinta-feira, 7 de junho de 2007

ηθική

ηθική

O problema dos valores está na sua chegada, na sua expressão final chamada atitude, chamada conduta. Esse é o grande diferencial das pessoas. Por que os valores podem expressar uma generalização que não corresponde à decisão final do indivíduo, ou seja, sua conduta. Essa rede de valores, quando efetivadas em conduta fazem do homem um acima dos demais. Não há arrogância, não há prepotência.
A sociedade está encharcada de valores que podem corresponder a definições culturais, aceitações sociais, convenções antropológicas ou mesmo afirmações religiosas. A humanidade aprendeu a definir coisas como bom e mau, certo e errado, belo e feio. A Filosofia entra como ciência fundamental na construção de um conhecimento a cerca desses valores humanos. Na Filosofia Estética encontramos os preceitos básicos para se entender a construção da beleza, a fuga da feiúra. Mas a Lógica, outra categoria de análise da Filosofia, que trabalha com a verdade das coisas, consegue entender essa busca do belo como um mecanismo de seleção natural onde o que aparenta perfeição estética reflete a qualificação genética. A definição dessa lógica do belo é claramente uma expressão nítida da realidade, da existência, percebida e contemplada pela Metafísica. Os valores de nossa realidade correspondem em prática ao espaço teórico da Epistemologia, que, por se tratar de uma teoria do conhecimento, delimita aquilo que é unicamente humano.
Mas há um valor humano que não pode ser delimitado a Estudos da natureza lógica ou mesmo a natureza ontológica. Uma verdadeira religião ateísta onde sua pregação é o saber e seu campo de batalha está no confronto do certo e do errado. Esse é o espaço daquilo que todos balbuciam como Ética, mas poucos a conhecem com precisão. Essa prática moralizante do espaço-tempo é a mais humana de todas. A lógica trás informações, leis científicas que dizem respeito à organização da realidade, do mundo físico. A metafísica explora a outra vastidão que habita a cabeça do homem. Mas é a ética que julga e condena os valores humanos, na dicotomia do bem e do mau, nessa dança interminável desse maniqueísmo de valores.
Todo ser humano sabe essas diferenças, mas a prática dessas modalidades é desigual pois fazer o bem é demasiadamente difícil e produz pouca recompensa material, mas fazer o mal é fácil, rápido e promete tudo que for possível no seu desfecho. As pessoas compreendem esses valores, mas não fazem a escolha por questões Éticas, mas por puro medo. Estão sempre fazendo aquilo que rotulam de errado, mesmo que usem de toda desculpa possível para justificar seus deslizes de conduta. O mal é uma desculpa do covarde para seus próprios sofrimentos, tem a desculpa de ser o caminho que seus prejuízos o empurraram.
Agindo pelo medo, o fraco comete todos os atos que a Ética julgou errados e malignos, enquanto que os atos corretos e benignos sempre são vistos como insuficientes e desprovidos de ganhos. Por ser fácil o mal é mais usual, por ser lucrativo o mal é mais objetivo. O mal, em certos momentos, até apreende a configuração estética de belo, enquanto que a bondade, paradoxalmente, ganha aspecto de feiúra. A bondade é motivo de risos, o mal de gozos. O ponto crucial de todas as mazelas sociais que a modernidade herdou de toda a antiguidade é explícito nessa condição de valores que a Ética tem em sua frente, o mundo é o que é pelo mal que as pessoas escolhem por pura perversão e medo.
Enfim, é essa dualidade de valores que está sempre dividindo o homem, todos os dias. Não é tão preta e branca quanto uma falsa Lógica poderia constatar, existem diversidades da tonalidade cinza que o olho humano não conseguiria vislumbrar. Mas no fim de todas as coisas o que realmente importa não é conhecer ou não a Ética e sua dicotomia bem/mal, mas ver na prática dessa escolha a definição da natureza de cada indivíduo.

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