quinta-feira, 9 de agosto de 2012

O Cavaleiro das TELAS - parte 1


Batman: O cavaleiro das Telas
Por Savio Roz



O cinema já é um cenário bem conhecido pelo Batman e importante na construção de sua própria mitologia. Desde sua origem, em 1939, Batman demonstrou confortável narrativa com temáticas de aventura e suspense. As produções cinematográficas sempre foram grandes expositores de visões sobre a mitologia do Batman, sua releitura sendo uma constante e sua adequação social um fato.

Logo quando Batman começou a fazer sucesso nos quadrinhos outras mídias se valeram do personagem como produto, mas sua origem já estava ligada ao cinema desde cedo. Batman nasceu por inspirações que o seu criador, Bob Kane, teve do cinema dos anos 30. Filmes de heróis de aventura, como Zorro, em 1920, com Douglas Fairbanks como protagonista, e filmes de suspense, como The Bat Whisper, de 1930, com Una Merkel e Chester Morris.
Enfrentando uma espécie de agente do Império Japonês e gangster, o homem-morcego vislumbrou a grande tela em diversos episódios em 1943. Batman se viu introduzido numa realidade mais factual, política e ideológica, apresentando um imaginário do período e do seu lugar social. Foi a série que introduziu um importantíssimo elemento mítico ao personagem: A Batcaverna. Lewis Wilson fez o papel de Batman/Bruce Wayne e Douglas Croft o de Robin/Dick Grayson.



A boa recepção do universo do Batman, suas alegorias, a fugaz dramaticidade regada de ação e suspense, pelo público mais amplo e despretensioso, fez o cavaleiro das trevas voltar às produções cinematográficas. Com Robert Lowery como Batman e John Duncan como Robin, estreava o filme-série Batman e Robin em 1949. Confrontando os malefícios do vilão O Mago e salvando a jornalista Vick Vale, Batman e Robin protagonizam uma série carregada de erros tolos de continuidade e lógica, figurino mal feito, tudo por conta do baixo orçamento.

A dupla dinâmica retorna, anos depois, na produção serial que tornou-se emblemática: em 1966, com Adam West como Batman e Burt Ward como Robin, estreou a série Batman e Robin. Seguindo o estilo camp, com humor piegas e exageros teatrais na afetação das relações entre os personagens e no trato do clichê, a série acrescentou elementos aos quadrinhos, durou até 1968. Após isso, entrou um período de ostracismo do personagem no cinema tendo suas aparições limitadas às animações, como são os casos de The Adventures of Batman and Robin, entre 1969 e 1970, e de Superamigos, entre 1973 a 1975, pela Hanna-Barbera.

O ostracismo acabou. A atual geração maturou-se com o clima dark de Batman de 1989, com direção do inconfundível Tim Burton. Esse retorno triunfal do homem-morcego às telas lhe rendeu uma continuação em 1992 de nome Batman – o Retorno. Porém, a detentora das licenças, a Warner Bros. temeu que a franquia ficando ainda mais lúgubre, como vinha acontecendo nas mãos do Burton e buscou ampliar o público alvo e amenizar o clima nas histórias.

Exagero estético, queda de qualidade e referência ao não tão bem recebido estilo camp nos anos 90 não permitiram que as produções do Joel Schumacher alcançassem respeito dos fãs e nem do público, mesmo terem alcançado duas produções rentáveis. A primeira delas, Batman Forever, de 1995, envolveu grandes nomes do cinema, como Jim Carrey (Charada), Tommy Lee Jones (Duas-Caras), Chris O´Donnel (Robin) e seu protagonista Val Kilmer (Batman/Bruce Wayne). Com medo de usar o referencial da época nos quadrinhos, um Batman ainda mais sério e sombrio, optou por atualizar o Batman dos anos 60, com um glamour estético mais anos 90.



Sua sequência, Batman & Robin, de 1997, apresentou mais novos pesos pesados do cinema, como Arnold Schwarzenegger (Senhor Frio) e Uma Thurman (Hera Venenosa), mantendo o ator de Robin e mudando Val Kilmer por George Clooney. Seu destaque positivo foi a presença da Alicia Silverstone como Barbara Wilson, sobrinha do mordomo Alfred, e sua identidade secreta de Batgirl. O teor cômico exagerou e sua exaustão gerou um filme fraco, ainda que tenha alcançado uma boa bilheteria.

O Batman voltou a ser um produto das animações, dando um tempo das grandes telas. Inaugurou uma bem proveitosa safra de boas animações com Batman: Animated Series entre 1992 e 1995. A competente direção de Bruce Timm, usando os quadrinhos pós anos 80 como base criativa, garantiu a qualidade da produção a ponto de conquistar dois prêmios Emmy Awards. Entre 1997 e 1999 foram apresentadas as animações The New Batman Adventures e Superman: Animated Series, conjuntamente.

Sua volta às telas do cinema ocorreu em 2005 com o filme Batman Begins na direção de Christopher Nolan, com Christian Bale como Batman e outros nomes como Morgan Freeman (Lucius Fox), Gary Oldman (James Gordon), Liam Neeson (Henri Ducard) e Michael Caine como o jocoso mordomo Alfred. Seu roteiro não apenas retornava o personagem e seu universo a um clima mais sombrio como também demasiadamente realista e humano.
Com o sucesso atingido pelo primeiro filme de Nolan, fatalmente se esperava um segundo filme ainda mais impactante. As expectativas não foram subestimadas, tendo The Dark Knight, de 2008, aclamado pela opinião pública. Vários públicos foram atendidos nessa segunda empreitada, somando-se leitores de quadrinhos mais assíduos à despretensiosos telespectadores envolvidos numa trama psicológica encenada com maestria por Heath Ledger no papel de Coringa.



Eis que surge o pretendido encerramento da trilogia do Batman, The Dark Knight Rises, agora em 2012, na alçada de Christopher Nolan. Com a proximidade de sua estréia, um histórico cronológico sobre as vidas vividas pelo Batman na grande tela tem uma singular importância: entender o Batman em relação para cada momento histórico. Cada Batmen falando de sua realidade histórica e social e cada filme, entre erros e acertos, atendendo expectativas tanto de mercado quanto de público.

O que Nolan teve de inspiração? Onde Nolan buscou elementos, juntamente com S. Goyer, para produzir esses três últimos longa-metragens?

(Matéria originalmente publicada na fã page do Salada Cultural na rede social Facebook em 9 de julho de 2009)

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