sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Introdução: Problemas e paradoxos na definição e na origem histórica




Estudar as artes marciais exige uma certa compreensão das dificuldades encontradas em sua pesquisa original. O mundo define europocentricamente os sistemas complexos de luta do oriente como "artes marciais", mas encontra-se um paradoxo em sua definição.
Para começar, o termo "artes marciais" possue sua origem na nomenclatura grega, relacionando a atividade apresentada como "artes do Deus Marte". Essa falha poderia ser perdoada se não fizesse relação direta com a guerra. Claro que todos os sistemas de luta criados pelo homem são utilizados para combates, em sua supremacia, em guerras. Mas elas não se limitam a isso.
Os sistemas de luta orientais, por questões sociais e religiosas, apresentam uma relação com guerras um pouco sinuosas. Textos como os de Lao Tzu, Tao Te Ching, demonstram um certo desgosto ao combate em guerras políticas, mas apresentam um entendimento da existência dos sistemas de luta para que o justo possa se defender.
Para encurtar esse entendimento da relação dos sistemas de luta do oriente, o mal utilizado termo "arte marcial" e sua natureza belicista, parafraseio José Augusto Maciel Torras, Presidente da federação Baiana de Kung Fu, dizendo que as artes de luta "sem o burilamento espiritual, tornar-se-á uma arma desenfreada no poder do homem". Esse tipo de preocupação se confirma no modo de pensar dos grandes sistemas do mundo.
A questão da definição histórica é ainda mais complicada, pois se perde em períodos que não existem mais documentação, e até mesmo onde a documentação seria impossível, pois muitos sistemas existiam antes mesmo da escrita ser conhecida. Além do fato de ser uma rede indecifrável de mitos e especulações ao longo da história. O pouco que se sabe com exatidão é originário de trabalhos com oralidade histórica, tradições artísticas e literárias entre os séculos IV a.C. e III d.C. produtivamente.
Esses problemas iniciais jamais conseguirão tirar o esplendor de nenhum dos sistemas de luta, nem mesmo dessa forma de arte humana. Caso alguns ainda achem tudo isso muito vago, como no livro "O Caminho do guerreiro", Howard Reid e Michael Croucher, "compare-o com os esforços que se fazem para determinar a data de certos acontecimentos essenciais para o desenvolvimento de outras artes antigas - a culinária, a fabricação de vinhos, a fabricação de queijos ou a própria agricultura, por exemplo".
Enfim, esses problemas devem ser primeiramente apresentados nessa introdução para que se tome os devidos cuidados e se pense flexivelmente nos estudos e nas produções de pesquisas na área.

Sávio Roz

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